sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Biografia chei de (Des)Elegância



Biografia chei de (Des)Elegância


No mei desse roçoiço nem sei se há
uma pessoa que seja eu sozinha;
Sou a terra, o céu e o mar,
um grão de areia, qualquer besteirinha;
Aquela pedra rídiga, eternamente dura,
água que flui e nada para;
Um mesmo que sempre se renova,
um novo que em verdade num inova.
E percorre, estático, toda existência
enquanto beija o que o preconceito distancia;
Procurando por todo lado aquele ponto
que une o ontem, o hoje e o amanhã;
Ao 0, o 26 e o 168
sem cair em brocardos de filosofia vã.

No mei desse roçoiço nem sei se há
uma pessoa que seja eu sozinha;
Não sou bixo, homem ou outra coisa lá,
um gênero, uma escolha, uma sopa de letrinhas;
Se sou carne que fala e pensa,
sou espírito preso na cela;
Firmeza que fica, não passa,
a chave que abre e que fecha;
Sou restos da estrela amarela,
o amor que te encontra e nunca deixa.
E dentro do cristal que não mascara,
sou também ódio justo e anárquico;
que de toda destruição edifico
em caos a paz que tanto nos é cara.
Um eu, um nós, uma multiplicidade,
uma coruja a ver luz na escuridão;
O sábio burro em sua vaidade,
lagartixa que peita a Ilusão;
Abandona vícios na estrada da Verdade,
renasce na virtude de cada limpeza;
E sustenta passo a passo o traço certo
relegando toda rima a moratória;
Se vou viver de poesia, pescarei versos na memória
e girarei este mundo que tanto em gira;
Na malemolência sincera do sorriso,
pois não sou sapo para ser cheio de sapiência;
E sei que só no vazio tudo se leva no papo.
Por mais sedento que meu estômago seja
quase nada me serve refeição;
Vivo a experimentar dores e sofreres,
mas só me sacio em prazeres e comunhão;
Dançando cada momento para não deixar cair em rotina
o tesão que é ser brasileiro; e ter na alma de minha língua
o poder de sentir o bater da Saudade.

No mei desse roçoico nem sei se há
uma pessoa que seja eu sozinha;
Sou Cabóco, Rei, Potiguá,
me chamam João Ruazinhas.


Sono the Idle, 20 de outubro de 2011.


Esse texto foi feito para o Aniversário de Igor Lucena, o indivíduo que está na foto comigo, como um presente muito chibata que eu resolvi dar para ele!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A falar da missão




Sei que sou por demais racional e emocional, ao ponto de confundir onde inicia minha emotividade e onde termina a racionalidade. Não consigo separar um do outro, me construo como um em ambos.

Isso me complica, não consigo desvendar onde meu caminho pela liberdade rasga linhas que ligam sentimentos e as conclusões lógicas a que acabo chegando somente fazem sentido a um número ínfimo de pessoas.
Firo e vou continuar ferindo diversas pessoas que amo até entrar em harmonia comigo mesmo, essa natureza de tormenta é foda...

Ainda não consegui encontrar o caminho ou ainda não percebi que estou nele...Me afeiçou-o da perseguição pela profundidade e fico encantado, quase hipnotizado, pelas alegrias banais e supérfulas, seria isso dualidade ou complementação?

Dissolver não é simplificar.

Sei que não sou mais sábio que qualquer outra pessoa e odeio esse Ego que me venda.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Voltando um pouco para andar mais.




Pelo que não fomos

Não se tratam dos sorrisos desinibidos
ou dos olhares envergonhados;
Não falo do tocar tímido e escondido
ou da vontade nutrida em cárcere;
E muito menos da explosão
que nascia no fim do esperar.

Escrevo aqui pelo que não fomos
e nem poderíamos ter sido.
Escrevo aqui porque não posso
guardar em mim o que é seu...

E por isso te entrego
toda a poesia, o clamor e a canção
deste pobre, tolo e sôfrego órgão
que sinto como meu coração.


Sono the Idle, abril de 2010.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Estou precisando exercitar o ócio...

Ando ficando cansando de viver intensamente, de hostilizar meu corpo para que não fraqueje ante o desejo de fazer tudo quanto posso. Talvez em meu íntimo tenha um enorme medo da morte.
Sei que cada dia me perco mais em minhas vivências sem nem mesmo compreender-las e isso causa rachaduras a barragem.

Preciso abrir mais minhas comportas e receber mais de eu mesmo, para que o mundo não afogue tudo que sou.

Preciso exercitar o ócio.


Idle.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Será o prenúncio de um nascimento?




Devaneios mentais me iluminam


Aprendi a pensar, refletir, aprender...
Concatenar tudo numa escaramuça lógica
Definir inefável com palavras
E resumir a realidade
– no resultado da comparação entre meus arquétipos ideológicos e a experimentação (as vezes extasiada, potencializada, inebriada, dopada, anulada... ou não) dos cinco sentidos que fui convencido a ter – .

Ser imbecil me foi bom durante anos.

A racionalidade só alcança um Eu por vez
Cada Eu é, mas nunca será o Sou
“Sou cheio de recantos”
Em ângulos estranhos a geometria
Não há linha que ligue todos os pontos
Como não há doutrina que leve à iluminação
Ou Eu que represente o Uno.
Eu sou aquele que não se encontrou
Que queima como uma floresta violentada
Desejoso de tudo ao mesmo instante
Sorrio muitas alegrias
Que sequer germinam aqui.

Corro como um rio
Distante do espaço e do tempo
Sem nunca ficar parado ou sair do lugar
Sempre se renovando sem perder profundidade
Sou, no fim, o ser humano
Tudo do universo nasce e morre em mim.


Sono the Idle, 08/07/2011.

P.s.: As aspas são uma citação de Manoel de Barros.
P.s.1: Imagem por Matei Apstolescu, disponível em: www.hypeness.com.br

Nós estamos conectados a todas as coisas. Meu Kin:




LUA VERMELHA - Muluc (Maia). Leste, inicia. Governado por Mercúrio e regido pelo chacra raiz, corresponde ao dedinho do pé direito. Água. Deusa da água. Água universal, purificação do espírito. Princípio de comunicação e expansão da vida superior. Vive pela razão. Inicia e gera, mas também formula e transmite o impulso criativo. Tende a ser dominado por sentimentos fortes e pode ter poderes psíquicos. Desejo de entender a natureza do homem em um nível cósmico. Receba e expresse os poderes da Purificação e do Fluxo. Focalize a purificação de seu instrumento de percepção, sua mente e seu corpo. Sustente seu mundo corporal ancorando a vibração de sua totalidade.

11 - Espectral - Dissolve. Liberta. Raio de pulsação da estrutura dissonante. Expressar as idéias com demasiadas palavras; ação de liberdade, livrar, redimir, declarar livre de uma obrigação. Poder de operar ou não operar; poder de escolher; eximir, publicar uma coisa que estava ignorada; revelar, descobrir, anunciar. Um descanso no processo da transformação, o interesse pelo supérfluo, o ligeiro e agradável; facilidade de expressão; o esplendor; a diversão, o repouso que reúne forças para prosseguir. Coxas (virilha esquerda). Buluk (Maia). Pulsar da segunda dimensão, dimensão dos sentidos. Como posso libertar-me e deixar ir? Tom da Libertação e vibração do Abrir Mão, Deixar Ir e Dissolver. Liberte-se de todas as fronteiras, crenças, estruturas e limitações. Seja verdadeiramente livre. Traga a energia da liberação a todas as áreas de sua vida que precisam ser preenchidas com liberdade. Acredite que tudo é possível, que você existe em um Universo ilimitado. Dissolva todas as formas-pensamento de derrota e hábitos que lhe tirem o poder. Deixe ir ou abra mão de qualquer coisa que o impeça de fazer brilhar sua Luz.

terça-feira, 21 de junho de 2011

"Ocupo muito de Mim com meu desconhecer" Manoel de Barros



Jogo de liga pontos


Quando criança vivia a beira-mar
Olhava o céu
Confundia com o mar
Pensava nas espumas da imensidão azul
E em como as nuvens só deixavam a água cair de vez em quando

Nunca consegui dormir numa nuvem
A devorava quando feita de algodão doce
Ficava agoniado quando estava toda empapada
Me divertia com a cosquinha dos raios
Nem mesmo a noite
O jogo de liga pontos me prendia
E as ovelhas nunca conseguiam devorar todas as estrelas
Sempre apanhei por ficar acordado depois da hora de dormir
Sem nem chegar a entender o que eram horas

Foi no dia que descobri o que eram estrelas que mais tive raiva do dia
Não agüentava olhar aquela cara presunçosa do Sol
Egoísta, egocêntrico, traiçoeiro,
Que se enchia de amarelo e escondia as outras estrelas
Enxotava até mesmo a Lua
Tímida, doce, amante
Que tudo fazia para tentar amar
Burra; forçada a ser cópia, vigia da noite

Guardava meus olhos em óculos escuros
Para me esconder desse tipo despresível
Não abraço todos que encontro, me preocupo em proteger os chakras
E jamais deixaria as janelas sem guarda
É difícil entender porque somos obrigados a conviver com esse “todos”
Não espero que a totalidade dos seres se guie pelo bem
Sei o quão sedutor é o “dar-se bem”
É esse esconde-esconde da esperança que me complica


Sono the Idle, 21/06/2011.

Imagem por Salvador Dali.
Obrigado Bella (Girassol Noturno) por este texto.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Pode-se dizer que se inicia um novo ciclo



Pois é gente, hoje é meu aniversário. Faço 23 anos na contagem que inicia desde o momento em que saí do ventre de minha mãe. Ao certo não sei quantos anos de vida tenho, não acredito nesse monstro que chamamos tempo e tenho em eu que a vida mede-se pelos momentos inesquecíveis que vivenciamos... daí ainda não parei para refletir e contabilizar e infelizmente nunca tive a sabedoria ou a disposição de registrar meu histórico.

Bom, não vou me delongar escrevendo um bocado porque não estou no ambiente propício a liberar de vez a expressão de meus eus (estou usando o computador do trabalho em horário de serviço para escrever isso aqui.

Peço desculpas por não estar atualizando esse blog com a frequência que eu desejaria e deixo vocês com algumas citações que hoje marcam meu momento de vida. Espero que gostem:

"O desejo de servir ao bem comum deve ser, de modo incoercível, uma necessidade da alma, a condição para a felicidade pessoal; mas se não é disso que ele decorre, e sim, de considerações teóricas e outras que tais, esse desejo é então outra coisa".
Anton Tchekhov


"Eu só confio nas pessoas loucas, aquelas que são loucas pra viver, loucas para falar, loucas para serem salvas, desejosas de tudo e ao mesmo tempo, que nunca bocejam ou dizem uma coisa corriqueira, mas queimam, queimam, queimam, como fabulosas velas amarelas romanas explodindo como aranhas através das estrelas." - Jack Kerouac

"(...)Sei que fazer o inconexo aclara as loucuras.
Sou formado em desencontros.
A sensatez me absurda.
Os delírios verbais me terapeutam.(...)" (Manoel de Barros)


"Nunca permita que sua criança morra. Alimente-a e não tenha medo de que ela fique fora de controle. Para onde ela poderá ir? E mesmo se ela ficar fora de controle – e daí?
O que você pode fazer fora do controle? Você pode dançar feito um louco, rir feito um louco, pode pular e correr feito um louco. As pessoas podem pensar que você está louco, mas isto é problema delas. Se você está curtindo isto, se a sua vida está sendo nutrida por isto, então não interessa, mesmo se isto se tornar um problema para o resto do mundo."(Mestre Osho)

"Ah é difícil achar essa trilha de Deus em meio a vida que levamos, na embrutecida monotonia de uma era de cegueira espiritual, com sua arquitetura, seus negócios, sua política e seus homens! Como não haveria de ser eu um Lobo da Estepe e um mísero eremita em meio a um mundo cujos objetivos não compartilho, cuja alegria não me diz respeito!" Hemann Hesse

quinta-feira, 31 de março de 2011

&"O homem que a dor não educou será sempre uma criança".(N.Tommaseo)



Eu estou curtindo colocar frases que gosto como título das postagens... Aqui vai outro dos textos que gosto.


"Na boca


E desce a gota
Da boca
Que se move
Por palavras
Sem razão.

E desce
A razão,
Da boca que
Se move
Sem palavras,
Por gotas:

De suor
Nascido
Na fricção
De amores
E fantasias;

Da fricção
Do suor
De amores
Nascidos
Em sinestesia."
Sono the idle, 18/04/07

sábado, 5 de março de 2011

"Se um homem não descobriu algo por que morrer, ele não está preparado para viver."Martin Luther King Junior



Como lágrima em rosto botox


Inação
que age
onde a depressão
não é mais acaso

Inação
que controla
onde o medo
não mais teme

Inação
que machuca
onde a ação
não mais alcança

Inanição
que mata
onde o outro
não mais espera.



Sono the idle, 27/08/07.


Esse texto implorou para ser postado hoje.


Por mais que eu negue sua autonomia e independência não posso dizer que nada se transforma com o Tempo... Mas como aceitar que algo que criamos possa nos escravizar até o dia em que desaparecere-mos? Como uma alegoria da consciência coletiva detém o poder de reger nossas vidas? Não acredito que o Tempo possua a capacidade de mensurar nossas vidas, o que vivemos foi construído pelos momentos inesquecíveis que guardamos, pelas vivências que valem a pena ser recordadas e não por uma dura representação numérica. Mas o Tempo corre e em sua passagem até a mais resoluta das emoções pode trair sua origem; corre sem esperar quem quer que seja e o faz em todas as direções, sem respeitar escolhas ou intenções.
Dói perceber que ao focar atenção em algo deixarás um outro algo seguir rumo negligenciado e muitas vezes tal rumo não será teu rumo... Bom seria poder viver sem precisar fazer escolhas, ou se afastar de qualquer das coisas das quais se gosta, ter “todo o tempo tudo que a vida tem de bom”, e não ser surpreendido por distâncias imateriais.
Não estou raciocinando muito bem agora, depois volto e tento completar esse pensamento. Só tinha que dar um escape a algumas coisas para poder seguir.
Desgraçado seja o dia em que nasceu o Tempo, maldito seja ele e qualquer outro algoz que castre o crescer de nossas asas.


Sono the Idle

domingo, 27 de fevereiro de 2011



Acabo de retornar de uma viagem de 2 meses e meio por parte da América Latina, em breve coloco algo sobre essa experiência memorável. Por enquanto um texto que fiz antes de viajar.


Beijos ao Delírio



Bêbado ele trepida
entre a superação no autoconhecimento
e o malfadado tormento de viver uma negação
da vida.

Já não lhe interessa se é sujeito
ou se está sujeito a algo que nem é.
Não importam Deus, carne, riqueza,
indivíduo, coletivo, círculo, quadrado, deuses...

Somente faz sentido seguir, cambaleante,
em direção ao lugar do início
do big-bang que deu origem a seu respirar;
do vício que deu origem a este Eu
que não mais lembra de onde veio.

Eu que subsiste entre a umbra e o nirvana;
preso a incapacidade de expressar-se
por ver-se mudo e ignorante,
ante a contemplação do presente...

Momento, instante, segundo..., nada disso serve
à descrição deste agora preenchido por tudo e cheio de vazio.
Agora que some com o tempo e o espaço,
destripa fatos, estupra valores,
acaricia idéias e goza
experiências sobre situações impossíveis ao mundano.

Delírio,
pode ser uma boa palavra
para descrever este Agora onde não há palavras;
pode ser a conseqüência de fugir da quimioterapia
para encher mais um copo;
pode ser a máscara usada pela epifania
para esconder-se dos dogmas do corpo;
pode ser...

Sei que em breve não haverá luzes
ou qualquer outra coisa,
mas também que esse “em breve”
somente chegará quando cessar o Delírio
e nascer o momento em que volto a ser mortal.

Então aqui, onde ainda me resta imortalidade,
uso de todas minhas vozes,
mesmo as inauditas ou impronunciáveis,
para batalhar contra o inefável
e tentar mostrar o quanto te quero:

É muito mais que algo que dói e não se sente,
que o sorriso beirando a saudade
ou a nostalgia que esmaga o sofrer.
É um algo que não sei
sentir, lembrar ou dizer;
que simplesmente surge cada vez que...,
de dentro de mim,
vejo a ti.


Sono the Idle, 22/10/10.