
Jogo de liga pontos
Quando criança vivia a beira-mar
Olhava o céu
Confundia com o mar
Pensava nas espumas da imensidão azul
E em como as nuvens só deixavam a água cair de vez em quando
Nunca consegui dormir numa nuvem
A devorava quando feita de algodão doce
Ficava agoniado quando estava toda empapada
Me divertia com a cosquinha dos raios
Nem mesmo a noite
O jogo de liga pontos me prendia
E as ovelhas nunca conseguiam devorar todas as estrelas
Sempre apanhei por ficar acordado depois da hora de dormir
Sem nem chegar a entender o que eram horas
Foi no dia que descobri o que eram estrelas que mais tive raiva do dia
Não agüentava olhar aquela cara presunçosa do Sol
Egoísta, egocêntrico, traiçoeiro,
Que se enchia de amarelo e escondia as outras estrelas
Enxotava até mesmo a Lua
Tímida, doce, amante
Que tudo fazia para tentar amar
Burra; forçada a ser cópia, vigia da noite
Guardava meus olhos em óculos escuros
Para me esconder desse tipo despresível
Não abraço todos que encontro, me preocupo em proteger os chakras
E jamais deixaria as janelas sem guarda
É difícil entender porque somos obrigados a conviver com esse “todos”
Não espero que a totalidade dos seres se guie pelo bem
Sei o quão sedutor é o “dar-se bem”
É esse esconde-esconde da esperança que me complica
Sono the Idle, 21/06/2011.
Imagem por Salvador Dali.
Obrigado Bella (Girassol Noturno) por este texto.